Cerca de 25% das jovens brasileiras, entre 15 a 19 anos, engravidam sem planejamento prévio. A pílula é o método contraceptivo mais usado e sua eficácia chega a 98%
De acordo com o Ministério da Saúde, os casos de gravidez em mulheres com menos de 20 anos diminuíram em todo o Brasil entre 2000 e 2012. No início da década, cerca de 750 mil adolescentes foram mães no País. Em 2012, o número caiu para 536 mil.
A maior parte das grávidas precoces, como aponta o relatório anual Situação da População Mundial do Fundo de População das Nações Unidas (Unfpa), organismo da Organização das Nações Unidas (ONU), ocorre entre populações vulneráveis, ou seja, entre pessoas sem acesso à informação.
Os casos de gravidez acidental são mais comuns em classes sociais mais baixas. Isso tem ligação direta quanto à oportunidade de orientação e assistência básica à saúde. O acesso à informação cada vez mais facilitado pela internet, a curiosidade em ter relação, a cobrança do meio social em que vive, o ser aceita em certa ‘turma’, enfim, são vários fatores que acabam interferindo no pensamento da jovem adolescente e que acabam facilitando que engravide mais frequentemente do que há algum tempo.
Esse quadro pode ser mudado com a orientação correta para as jovens. Conversar abertamente sobre a questão e não achar que uma menina de 10 anos não saiba o que é sexo. Ao conversar sobre sexo, as pessoas não estão incentivando a curiosidade e a busca pela relação sexual, trata-se de uma medida preventiva.
Métodos contraceptivos
Existem, disponíveis no mercado, diversos métodos contraceptivos. Os de barreira, por exemplo, que impedem a entrada do espermatozoide no trato genital feminino por agir como uma verdadeira barreira à progressão do espermatozoide. Por exemplo: a camisinha, o diafragma, a camisinha feminina, entre outros.
PÍLULA COMBINADA PÍLULA SÓ DE PROGESTERONA
IMPLANTE SUBCUTÂNEO ADESIVO TRANSDÉRMICO INJETÁVEL |
Depois vêm os anticoncepcionais hormonais, que podem ser em forma de pílulas, injeções mensais ou trimestrais. Os Dispositivos Intrauterinos (DIUs) podem ser utilizados por um período de 3 a 10 anos, com base de cobre ou hormonal; há ainda os implantes dérmicos que são de base hormonal e liberam lentamente os seus hormônios e, com isto, impedem a gravidez, e, por último, os métodos ditos definitivos, que são a laqueadura e a vasectomia. Nesses dois últimos, há necessidade de um procedimento cirúrgico para a oclusão da estrutura que na mulher é a Trompa de Falópio e no homem o deferente.
De acordo com o médico ginecologista e consultor em saúde da Medley, Dr. Odair Albano, dados internacionais mostram que até 20% das prescrições de anticoncepcionais não são iniciadas e apenas 50% das mulheres mantêm o uso por mais de seis meses. “A principal queixa, que justifica a descontinuidade, continuam sendo os efeitos adversos.”
É importante salientar que, apesar dos diferentes métodos, não existe um contraceptivo 100% efetivo. Sempre que há relação sexual, há risco de gravidez, por menor que seja. “É muito importante que a mulher procure orientação para planejamento familiar com médico e que, mesmo utilizando anticoncepcionais hormonais, nunca abandone o uso do preservativo.”
Preferência nacional
Entre os métodos contraceptivos, a pílula anticoncepcional é a mais usada pelas mulheres pela facilidade com que é conseguida, pelo baixo preço, pela venda sem necessidade de receituário médico e pela sua ótima eficácia.
“Hoje, existem pílulas com baixíssimas concentrações hormonais, com até 10 vezes menos de estrogênio e 164 vezes menos de progestagênio, em diferentes apresentações, com 21, 22, 24 e 28 comprimidos, e ainda com possibilidade de uso estendido e que foram agregando eficácia contraceptiva, segurança e benefícios extracontraceptivos”, detalha o Dr. Albano.
De acordo com o ginecologista da Bayer, Dr. José Bento, com a evolução da indústria farmacêutica, a dosagem foi sendo reduzida cada vez mais e, atualmente, as pílulas causam pouquíssimos efeitos colaterais, e com diversas opções no mercado, possibilitam que sua utilização vá além da contracepção. “Atualmente, existem pílulas que além da contracepção, promovem melhorias na pele, reduzem o fluxo sanguíneo, melhoram os sintomas da Tensão Pré-Menstrual (TPM)”.
Como regra, o anticoncepcional moderno deve oferecer uma boa eficácia contraceptiva, benefícios extracontraceptivos (regularização do ciclo menstrual, redução de sintomas pré-menstruais e dos efeitos androgênicos), poucos efeitos adversos (manutenção do peso, sexualidade e baixos riscos metabólicos e tromboembolismo), segurança e boa tolerabilidade.
Muitas mulheres também não desejam menstruar todos os meses, com suspensão da pausa e, neste caso, a pílula deve manter a mesma eficácia, segurança e tolerância para ter o seu uso estendido.
Os médicos esclarecem que existem estudos indicativos de que a pílula anticoncepcional protege a fertilidade da mulher, uma vez que diminui os riscos de endometriose, cisto no ovário, aparecimento de mioma e pólipo uterino. “Além disso, ela também protege a mulher contra o câncer do ovário e câncer de endométrio”, ressalta o Dr. José Bento.
O baixo custo, o acesso fácil e o desconhecimento mais amplo das opções também têm contribuído para essa popularização. A distribuição não é uniforme no mundo, mas oscila entre 24% e 26% da população feminina.
Na Europa, o preservativo masculino aparece com 23%; outros métodos não hormonais, 13%; o DIU hormonal, 8%; a esterilização feminina e masculina, 5%; outros métodos hormonais, 5%; e sem método contraceptivo, 25%.
“No Brasil, pelas dificuldades de informação e acesso aos outros métodos, o número de mulheres esterilizadas em idade fértil supera o de usuárias de pílula”, alerta o ginecologista da Medley.
“A taxa de falha dos contraceptivos hormonais orais é muito baixa, oscila entre < 1% por ano com uso perfeito e < 10% por ano pelo uso típico (erros no uso), segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), os índices de falha são ainda menores, na média 0,3% e 3% respectivamente”.
Autor: Egle Leonardi e Vivian Lourenço