Sem riscos

Durante o período escolar, a atenção com os pequenos deve ser redobrada. Alguns problemas de saúde podem surgir com o convívio com outras crianças. Saiba quais as doenças mais comuns e alerte o consumidor 

Um novo ano letivo vai começar e as preocupações com a saúde dos pequenos tornam-se ainda maiores nessa época. O clima quente e semiúmido com a estação chuvosa e o fato de permanecerem em locais fechados podem proporcionar o aparecimento de algumas doenças. Por isso, é preciso ficar atento a eventuais sinais que as crianças venham a apresentar. 

A depender das condições de higiene, as verminoses se manifestam com bastante frequência já que a criançada fica o tempo todo com a mão no chão, coloca tudo na boca e passa a comer alimentos não rotineiros. Após a entrada na escola, independentemente da idade, aumenta significativamente o risco de adquirir doenças de contato e piolhos.

“Os problemas mais comuns variam de acordo com a faixa etária da criança. Em bebês até 12 meses de idade, as infecções (principalmente as causadas por vírus – as famosas ‘viroses’) são a causa da maioria dos problemas. Doenças virais podem ter uma infinidade de manifestações, desde quadros respiratórios que começam com um resfriado comum, quadros gastrointestinais com vômitos e diarreia, além dos famosos exantemas, que são aquelas pintinhas na pele que surgem antes ou depois de uma febre com as crianças em bom estado geral”, informa a pediatra do Hospital Leforte, Dra. Rafaella Gato Calmon.

No topo da lista, está uma virose causada por um vírus conhecido como rotavírus, que geralmente ataca o sistema gastrointestinal e é capaz de causar diarreia e vômito. Além disso, há pediculose (piolhos), gripes, resfriados e conjuntivite. Elas surgem principalmente pelo contato mais próximo entre as crianças. Outro ponto importante é que o ar-condicionado ajuda a proliferar bactérias e fungos, por isso exige manutenção e limpeza constantes.

Segundo a otorrinolaringologista do Hospital Universitário da Universidade de São Paulo (USP) e médica consultora da Libbs Farmacêutica, Dra. Maura Neves, estudos indicam que as crianças entre 1 e 3 anos de idade podem apresentar cerca de cinco a 11 infecções virais de via aérea superior ao ano, com redução gradual conforme o crescimento.

“No caso das infecções respiratórias, os sintomas nasais de um quadro se iniciam com obstrução e congestão, coriza e espirros e duram em média de três a sete dias. Febre pode ou não ocorrer. Caso ocorra a piora dos sintomas, há uma mudança da cor da secreção nasal (de transparente ou branca para amarelada) e prolongamento de dias de sintomas”, explica. 

A Dra. Maura informa que o nariz é a principal porta de entrada para agentes irritativos e infecciosos. Esses agentes, quando inalados, ficam presos no muco nasal e são removidos do nariz pelo batimento ciliar. 

Para algumas crianças, a volta às aulas é sinal de atenção quando se pensa em saúde e bem-estar. O convívio constante de muitas crianças no mesmo local aumenta a incidência de viroses, como, por exemplo, a diarreia viral, doença gastrointestinal que mais acomete crianças em idade escolar, seguida de alergia alimentar. 

Atenção aos detalhes

Várias medidas podem auxiliar na prevenção de doenças infecciosas nas crianças. Uma alimentação saudável, condições de saneamento básico adequadas e, em específico para as infecções respiratórias, a higienização nasal que deve ser feita diariamente, além de não se esquecer de nenhuma vacina. 

“No que se refere à higienização nasal, estudos comprovam que o hábito de higienizar o nariz reduz as faltas escolares em até 50%, além de reduzir a intensidade e duração dos sintomas de gripes e resfriados. Em relação às vacinas, absolutamente todas elas devem estar em dia para a proteção adequada. Temos as vacinas contra rotavírus, pneumococo, meningococo, hemofilos, gripe, febre amarela, tuberculose, hepatite A e B. Essa evolução vacinal dos últimos anos permite uma infância mais segura e livre de infecções”, afirma a Dra. Maura.

Combate aos piolhos

A pediculose é uma doença provocada por piolhos e atinge preferencialmente crianças em fase escolar. Altamente contagiosos, as zonas onde os piolhos preferem se alojar são especialmente a nuca e atrás das orelhas. 

Apesar de ser um inseto, o piolho não tem asas e nem pernas adaptadas para o salto. Ele pode ser carregado pelo vento porque é leve. Além disso, passa de uma cabeça para outra pelo contato direto. Isso explica a alta incidência e a prevalência em crianças em idade escolar, já que brincam juntas e compartilham os mesmos objetos, como escovas de cabelo.

Diferente do que muitas pessoas pensam, o piolho não está relacionado à falta de higiene ou baixa renda. Pelo contrário, o inseto gosta de cabelos limpos. Por isso, ainda que o indivíduo lave o couro cabeludo diariamente, pode ter piolho. As crianças sofrem discriminação, mas é importante esclarecer que qualquer pessoa pode ser infectada, inclusive os adultos.

Com a infestação, a criança passa a coçar a cabeça intensamente, provocando pequenas lesões no couro cabeludo, o que facilita o acesso de germes e bactérias dentro da corrente sanguínea, uma vez que a cabeça é ricamente vascularizada. A picada do piolho também causa grande irritação à pele, pois a reação à sua saliva costuma desencadear uma dermatite bastante irritante.

De acordo com o pediatra consultado da Aspen Pharma, Dr. Antonio Turner, o tratamento deve levar em conta a idade da criança. “Para os menores, o pente fino e a retirada das lêndeas próximas ao couro cabeludo com algodão umedecido em vinagre. Nos maiores e não alérgicos, a permetrina local e o uso de revectina na forma sistêmica têm se mostrado eficazes no combate ao piolho e à lêndea.” 

Primeiros socorros

Crianças acima de 12 meses de idade já começam a andar e a se movimentar, é quando aumentam os traumas por quedas e também o risco de acidentes, portanto, é fundamental deixar o ambiente seguro (gavetas com facas e medicamentos, materiais de limpeza e até baldes com um pouco mais de 3 cm de água já podem causar afogamentos). 

Para tratar pequenos ferimentos, cortes, arranhões e batidas, é fundamental recomendar aos consumidores que montem seus kits de primeiros socorros. Eles podem ser elaborados em uma maleta, bolsa ou caixa leve e portátil, para facilitar o transporte e poder ser facilmente incluída na mochila, por exemplo. É importante que a caixinha seja impermeável, para evitar qualquer tipo de contaminação dos itens dentro dela, e que ela seja mantida em ambiente seco e longe da exposição do sol. 

Veja abaixo alguns itens para compor a lista dos consumidores:

• Tesoura sem ponta;

• Termômetro;

• Pinça;

• Luvas descartáveis esterilizadas;

• Antisséptico;

• Soro fisiológico a 0,9%;

• Esparadrapo;

• Algodões (em disco e em bolas);

• Curativos adesivos;

• Gaze;

• Repelente para insetos;

• Hastes flexíveis;

• Rolo de papel

• Bolsa térmica.

Autor: Tassia Rocha 

Especial Farmacêutico

Edição 278 - 2016-01-01 Especial Farmacêutico

Essa matéria faz parte da Edição 278 da Revista Guia da Farmácia.

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