Problemas típicos

Consumo abusivo de bebidas alcoólicas ou alimentos gordurosos pode provocar mal-estar estomacal e ressaca. As dores de cabeça também tendem a aparecer nessa fase que compreende as férias e o carnaval

O período de janeiro até meados de março é marcado por férias escolares e o carnaval, o que faz com que muitos consumidores mudem a rotina diária e acabem fazendo mais refeições fora de casa, além do uso de bebidas alcoólicas em exagero, por conta do clima de festividade.

Os alimentos consumidos no Brasil englobam um cardápio de comidas gordurosas e muita fartura. De acordo com o nutrólogo consultor da Associação Brasileira da Indústria de Alimentos para Fins Especiais e Congêneres (Abiad), Helio Osmo, o problema é que os exageros acontecem na estação mais quente, o que acaba agravando o quadro. 

“No entanto, o maior prejuízo é a associação de álcool em excesso com volume alimentar, que resulta numa digestão demorada, gerando mal-estar, náuseas e vômitos. O álcool em excesso causa gastrite, principalmente em quem tiver predisposição. Quem tem problemas de vesícula biliar também vai ter mais enjoo”, pondera Osmo. 

“O excesso de comida pode sobrecarregar o sistema digestivo”, fala o gastrenterologista membro da Federação Brasileira de Gastroenterologia, Dr. Laércio Tenório Ribeiro. Ele continua: “Nosso estômago é extremamente resistente. Não estamos falando apenas em alimentos, mas no excesso deles”. 

O fígado também sofre, já que é o responsável por metabolizar o álcool. De acordo com a Associação Brasileira de Estudos do Álcool e outras Drogas (Abead), esse órgão só metaboliza, em média, uma dose de bebida alcoólica por hora (como uma lata de cerveja de 360 mL, uma taça de vinho de 100 mL ou uma dose de destilado de 40 mL). 

Sintomas recorrentes

Os sinais mais comuns de uma indigestão, ou dispepsia, são bastante desagradáveis, como dilatação gástrica, ruídos abdominais, cólicas, flatulência, náuseas, vômitos e azia. Nesse último caso, para realizar a digestão, o estômago produz um ácido que pode subir pelo esôfago e provocar uma sensação de ardor. 

Segundo dados de um estudo publicado pela revista Arquivos de Gastroenterologia, mais de 60% dos brasileiros apresentam azia. Desse total, 12% têm o sintoma uma ou duas vezes por semana, enquanto 7% sofrem com o problema mais de uma vez por semana, o que caracteriza a Doença do Refluxo Gastroesofagiano (DRGE). De todas as pessoas entrevistadas – 14 mil habitantes de 22 cidades – entre 9% e 10% sofrem com o refluxo. Esse quadro é agravado com os excessos alimentares e de bebidas alcoólicas.

O problema ainda necessita de dados mais precisos sobre sua incidência, mas estudos apontam que cerca de 7% da população mundial sofre de azia diariamente; 15%, semanalmente; e 50% apresenta em intervalos mensais.

Dores de cabeça

Outro problema comum é a dor de cabeça, que é prevalente em todo o mundo e que possui mais de 180 modalidades diferentes, reconhecidas pela Sociedade Internacional de Cefaleia (IHS, na sigla em inglês), podendo ser divididas em primárias, secundárias ou nevralgias cranianas. 

As mulheres são as que mais sofrem com o problema, estima-se que 76% delas tenham pelo menos um episódio registrado por mês e 99% sofrerão de dor de cabeça ao longo da vida, sendo mais frequente na faixa dos 18 aos 34 anos de idade.

O que todos esperam é o alívio imediato e eficaz, sem reincidência da dor. Isso justifica o grande consumo de analgésicos isentos de prescrição, mas alguns cuidados são primordiais, já que muitas vezes a ingestão de analgésicos pode mascarar ou desencadear outros tipos de doenças e até mesmo provocar o efeito contrário, quando o medicamento deixa de agir contra a dor, causando-a.

Tipos de dores de cabeça

As cefaleias primárias são aquelas causadas por distúrbios bioquímicos do próprio cérebro, que levam à dor por mau funcionamento de neurotransmissores e/ou receptores. Há dois tipos principais e mais frequentes: a dor de cabeça do tipo tensional (episódica ou crônica) e a enxaqueca (com ou sem aura). 

Segundo informa o departamento de Neurologia e Neurocirurgia da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), destaca-se ainda a dor de cabeça em salvas, que apesar de não ser frequente, é intensa e causa grande interferência na qualidade de vida dos pacientes. Já as secundárias são sintomas de uma doença, que podem ocorrer devido a um simples resfriado, sinusite ou estarem associadas a infecções ou doenças mais graves.

O farmacêutico e os tratamentos

Os pacientes buscam o diagnóstico e medicamentos que possam aliviar as dores, sem efeitos colaterais. Para o tratamento dos casos de simples desconfortos provocados por azia e indigestão, que provocam o refluxo, a indicação são medicamentos que apresentam em sua fórmula o alginato de sódio, hidróxido de alumínio, hidróxido de magnésio, bicarbonato de sódio ou carbonato de cálcio, que proporcionam alívio imediato dos sintomas. Esses produtos podem ser encontrados em diferentes apresentações, como os efervescentes e as pastilhas.

É importante que o farmacêutico oriente o consumidor para que não se deite após uma farra alimentar. Nessa posição, a gravidade pressionará para que os ácidos voltem juntamente com o excesso de comida.

Já para as dores de cabeça, existem diferentes classes de analgésicos. Os isentos de prescrição, em geral, integram a classe dos Anti-Inflamatórios Não Esteroides (AINEs), e são voltados para o alívio das dores tensionais. Para o alívio das dores crônicas, participam outras classes terapêuticas. 

Os principais analgésicos isentos de prescrição comercializados no mercado brasileiro são ibuprofeno, paracetamol, ácido acetilsalicílico e dipirona.

A Atenção Farmacêutica prestada em farmácias e drogarias tem grande importância no tratamento, já que normalmente a maioria dos pacientes compra os analgésicos isentos por livre escolha. Em relação aos Medicamentos Isentos de Prescrição (MIPs), é importante observar os cuidados descritos em bula, bem como, se há alergia ou sensibilidade a algum componente da fórmula.

O Conselho Regional de Farmácia, do Estado de São Paulo (CRF-SP), diz ainda que, antes de qualquer coisa, o farmacêutico deve perguntar o motivo da compra, há quanto tempo o paciente sente a dor, se tem outros problemas de saúde, para com isso identificar se é cabível a indicação de um MIP.

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Autor:  Lígia Favoretto e Vivian Lourenço

 

Especial Mulher

Edição 279 - 2016-02-01 Especial Mulher

Essa matéria faz parte da Edição 279 da Revista Guia da Farmácia.

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