Ocorrências prejudiciais

Não é apenas a prática exagerada de exercícios físicos que pode gerar uma lesão muscular. Fatores do dia a dia também influenciam e causam dor e desconforto. Analgésicos e anti-inflamatórios atuam no controle

Ninguém gosta de sentir dor, mas ela é um mecanismo de proteção do corpo, ativado diante da possibilidade de aparecimento de lesões. Os receptores da dor são terminações nervosas livres suscetíveis a estímulos mecânicos, térmicos e químicos, que avisam quando o músculo pode ser danificado. A dor muscular está mais relacionada a tensão, uso excessivo ou lesão muscular, por exercício ou trabalho, fisicamente desgastante. Nessas situações, os sintomas tendem a envolver músculos específicos e começam durante ou logo após a atividade.

Os atletas de fim de semana são os que estão mais propensos a ter alguma lesão, seja por trauma ou por rompimento dos músculos. Entre os esportes mais praticados e apreciados pelos atletas amadores, estão corrida, andar de bicicleta, natação, caminhada ou o famoso futebol.

Segundo os médicos ortopedistas, a lesão pode ser tanto de grau leve ou mais intensa. E atenção, os especialistas revelam que os atletas amadores se assemelham muito aos profissionais, pelo menos no quesito lesão: elas são as mesmas em ambos os casos.

Qualquer tipo de injuria que atinja o tecido muscular é considerado uma lesão muscular. Elas podem acontecer fundamentalmente de duas formas: trauma direto, tipo uma joelhada na coxa do adversário, ou trauma indireto, que são estiramentos e distensões que podem acontecer durante uma corrida, por exemplo.


Problemas mais comuns

Com tanto excesso de atividade, as lesões mais comuns dos esportistas esporádicos acabam sendo as mesmas, na maioria dos casos. Elas atingem mais as áreas dos joelhos, coxas e tornozelos. O especialista em coluna pelo Hospital das Clínicas (SP) e membro da Sociedade Brasileira de Ortopedia e Traumatologia (SBOT), Dr. Rogério Vidal de Lima, destaca que as mais comuns são as dos músculos dos membros inferiores.

“Nesses atletas de fim de semana, as contraturas musculares e as lesões por fadiga são as mais frequentes e felizmente as de mais fácil recuperação”, detalha o especialista do Núcleo de Ortopedia do Hospital Samaritano, Dr. Marco Antonio Ambrósio.

As lesões da região inguinal (virilha), coxa e panturrilha são a maioria dos casos de atendimento. A lesão número um no esporte é a distensão (ruptura) do músculo bíceps femoral (região posterolateral da coxa perto do joelho).

Os especialistas revelam algumas poucas diferenças entre as lesões nos atletas profissionais e nos amadores. Nos atletas profissionais, elas estão entres as causas mais frequentes de afastamento das atividades físicas, pois têm evolução lenta e culminam com a incapacidade de exercer a profissão. Portanto, o objetivo é restabelecer de uma forma mais eficiente as lesões nesses atletas.

O que é diferente é a causa. Nos amadores ou recreacionistas, sedentarismo, sobrepeso, falta de alongamentos desencadeiam o problema. Já nos profissionais, as lesões são causadas por fadiga, excessos de treinos e um calendário absurdo obrigando competições sem intervalo para repousar o músculo.

Por fim, o Dr. Ambrósio ressalta que, geralmente, as lesões em profissionais, por terem a musculatura mais forte e resistente, quando ocorrem, são mais severas que nos amadores e necessitam – em geral – de um tratamento mais agressivo e precoce.

Porém, pode-se dizer que, em termos anatômicos, não existe diferença, quando ocorre um edema ou uma ruptura da musculatura. “A única diferença é que, nos profissionais, o tratamento é muito mais intenso e começa rapidamente após a lesão. Nesses casos, a recuperação é muito mais rápida”, alerta o Dr. Lima.

Tipos de lesões

• Lesões grau I: afetam menos de 5% do músculo. Constituem um ponto doloroso e têm bom prognóstico com recuperação rápida.

• Lesões grau II: afetam de 5% a 50% da musculatura. Exigem redução ou paralisação temporária das atividades com recuperação em médio prazo.

• Lesões grau III: afetam acima de 50% da musculatura. Geram incapacidade funcional e o prognóstico é indeterminado, pois podem proporcionar sequelas. A recuperação é lenta.

Fonte: Hospital Alvorada

 

Prevenção para evitar riscos

Não existe uma fórmula definida sobre o que fazer para evitar completamente a ocorrência das lesões musculares, já que elas podem aparecer a qualquer momento. Porém, existem alguns métodos que diminuem o risco de sua frequência.

A atividade adequada de toda a musculatura, seguida de exercícios de alongamento, são condições que fazem com que o músculo se prepare eficientemente e ajudam a evitar contusões. Os sintomas de uma lesão podem variar, mas os principais são enrijecimento do músculo, sensibilidade ao toque e dor quando é movimentada a região afetada. Algumas pessoas também podem apresentar inchaços locais.

Diferenças entre os tipos de fibras musculares

As fibras musculares estão localizadas internamente nos músculos. São estruturas cilíndricas, alongadas, alinhadas em toda a extensão do músculo. Há dois tipos:

Fibras Tipo I:

• Possuem coloração vermelha devido ao grande número de mioglobina e mitocôndrias;

• Têm contração muscular lenta;

• Utilizam o aeróbico como sistema de energia;

• O oxigênio é sua principal fonte de energia;

• São resistentes à fadiga;

• São mais apropriadas para exercícios de longa duração.

Fibras Tipo II:

• Possuem coloração branca;

• Têm contração muscular rápida;

• Utilizam o anaeróbico como sistema de energia;

• Fadigam rapidamente;

• Predominam em atividades com paradas bruscas, como, por exemplo, no futebol e em corridas.

Fonte: Sociedade Brasileira de Ortopedia e Traumatologia (SBOT)

 

Tipos de tratamentos

Após a constatação de uma lesão leve (onde menos de 5% das fibras musculares foram lesionadas) ou moderada (quadro em que mais de 5% das fibras sofreram lesão), a conduta inicial, de acordo com especialistas da área, deve ser o P.R.I.C.E. (Proteção, Repouso, Trioterapia, Compressão e Elevação). Se o paciente apresentar dor importante, pode ser necessária a terapia medicamentosa. Nesses casos, podem ser receitados relaxantes musculares e analgésicos. Ativos como o clonixinato de lisina podem ser indicados em casos de lesões leves ou moderadas, em situações onde a dor é o sintoma principal ou secundário, qualquer que seja seu tipo, intensidade e localização.

Aliás, para aliviar as dores, muitos pacientes chegam às farmácias e drogarias buscando alternativas rápidas e acabam se automedicando. Os medicamentos anti-inflamatórios atuam aliviando a dor, o edema e a inflamação.

Autor: Vivian Lourenço

Reajuste dos medicamentos

Edição 281 - 2016-04-01 Reajuste dos medicamentos

Essa matéria faz parte da Edição 281 da Revista Guia da Farmácia.

Deixe um comentário