Controle do colesterol

O estilo de vida da população aumenta a incidência da doença, que prejudica o sistema cardiovascular

Aumento do sedentarismo, do consumo de produtos industrializados, má alimentação e dia a dia corrido. A mudança nos hábitos de vida da população brasileira e mundial resultou na elevação das taxas de doenças crônicas e, consequentemente, no número de mortes em decorrência desses males.

Um dos problemas que mais cresce atualmente é o do colesterol. Cerca de 70% dele é fabricado pelo organismo e 30% proveniente da dieta. De acordo com a conselheira de Prevenção Cardiovascular em Aterosclerose da Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC), Dra. Tânia Martinez, o colesterol e o triglicérides são lipídios que têm funções metabólicas específicas, sendo que o aumento da concentração de cada um traz prejuízos para a saúde. “O colesterol é necessário, principalmente, para a integridade da membrana celular, a síntese de hormônios esteroides (sexuais) e a composição dos sais biliares. O acúmulo do colesterol em excesso se faz nas placas de ateroma, causando aterosclerose, associada a eventos cardiovasculares cardíacos, cerebrais e periféricos.”

A elevação dos índices de colesterol leva à dislipidemia, que é o aumento das concentrações de lipídeos e/ou lipoproteínas no sangue, como o colesterol, por exemplo, como completa a nutricionista da Unilever, Renata Carsava. “Já os triglicerídeos são a forma como nosso corpo armazena gordura, servindo de reserva energética do organismo.” 

O que são

O colesterol e os triglicérides, como explica a Dra. Tânia, por serem substâncias apolares (sem carga), são transportados no sangue por partículas chamadas lipoproteínas, que existem nas características correspondentes às suas densidades. Assim, existem: o HDL (High Density – alta densidade), o LDL (Low Density – baixa densidade) e o VLDL (Very Low Density – muito baixa densidade).

A lipoproteína LDL é a que faz o aporte do colesterol para as células. Quando aumentada, torna-se fator de risco para as doenças cardiovasculares (angina, infarto, acidente vascular cerebral, etc.) e, portanto, é sempre citada como o colesterol ruim.

A lipoproteína HDL, no entanto, faz o transporte reverso do colesterol, retirando-o das células e o levando ao fígado para remetabolização. “É mencionado como colesterol bom, por ser como um ‘caminhão de lixo do colesterol’. Assim sendo, quanto maior a concentração, melhor”, detalha a conselheira de Prevenção Cardiovascular em Aterosclerose da SBC.

Os triglicérides, por sua vez, são moléculas armazenadoras de energia. Quando há demanda de energia, como quando cai o nível de glicose no sangue, os triglicérides, para compensar, sofrem ação de lipases e se transformam em três monoglicerídeos produtores dela.

Além disso, podem ser deflagradores de pancreatite, quando em concentrações muito altas. Essa condição é também de risco e deve ser atendida rapidamente. 

Problemas decorrentes

A dislipidemia pode estar associada a outras doenças cardiovasculares, como a aterosclerose e hipertensão arterial, por isso é importante realizar exames de rotina.

“Segundo dados da Pesquisa Nacional de Saúde (PNS), as doenças crônicas não transmissíveis correspondem a mais de 70% das causas de mortes no Brasil”, alerta Renata.

Chamam-se de “dislipidemias” todas as condições metabólicas em que há o aumento de colesterol (hipercolesterolemia), de triglicérides (hipertrigliceridemia) ou de ambos (dislipidemia mista).

Essas três condições podem acontecer simplesmente por hábitos inadequados: dieta, sedentarismo, muitas vezes associados a sobrepeso e obesidade. “Nesses casos, se impõe controle, correção, modificação do estilo de vida. Há também a herança genética familiar, com variados graus de influência, fazendo com que, além das medidas comportamentais saudáveis, haja necessidade de complementação medicamentosa”, avalia a Dra. Tânia. 

Hábitos de vida

Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), as doenças coronarianas são a principal causa de mortes no mundo. A estimativa mais recente apontou que 17,1 milhões de pessoas morrem por ano em decorrência delas, seguida por câncer, doenças respiratórias e diabetes – sendo que estas quatro doenças correspondem a 82% de todas as mortes por doenças crônicas não transmissíveis.

O aumento dessas taxas, segundo a nutricionista Renata, é fruto do sedentarismo e de uma alimentação desequilibrada, rica em gorduras “ruins” e pobre em frutas, legumes e verduras. Esse quadro contribui para o aumento do risco de dislipidemia.

Para a Dra. Tânia, a prevalência maior das dislipidemias ocorre na idade adulta, porém, com o advento de cadeias de “fast-food” e das modalidades de programas de internet, o sobrepeso e a obesidade ocorrem também em crianças, em proporções alarmantes.

“Levantamentos realizados com amostras da população economicamente ativa mostraram prevalência de hipercolesterolemia entre 25% e 28%. Em populações infantis, há índices de 18%. As mulheres, após a menopausa, apresentam perfis lipídios semelhantes aos dos homens. Essas taxas estão na mesma ordem de grandeza de todos os países com hábitos de vida ocidentalizados”, completa a conselheira de Prevenção Cardiovascular em Aterosclerose da SBC.

Insuficiência Cardíaca Congestiva: uma síndrome complexa

Quando o coração sofre uma agressão, seja por um infarto, uma doença na válvula ou por medicações, como quimioterápicos, ele perde a capacidade de bombear adequadamente sangue para os órgãos. Esta incapacidade é a Insuficiência Cardíaca Congestiva (ICC). 

É considerada, de acordo com o cardiologista do Hospital Samaritano de São Paulo, Dr. Maurício Jordão, a via final comum de qualquer doença do coração quando não tratada. Estima-se que 23 milhões de pessoas sofram dessa condição no mundo. Sua prevalência aumenta consideravelmente com a idade, sendo de oito casos por mil pessoas entre 50 a 59 anos, chegando a 66 por mil após os 80 anos. 

“A hipertensão e o diabetes mal controlados são causas importantes da ICC. Estima-se que, no Brasil, existam dois milhões de casos e aproximadamente 240 mil casos novos por ano. A faixa etária mais acometida é aquela a partir dos 60 anos”, completa o cardiologista e diretor médico do Hospital Santa Paula, Dr. Otavio Gebara.

O primeiro passo para o tratamento é focar na causa. O tratamento em si da insuficiência cárdica é feito com medicamentos que melhoram a capacidade de bombear sangue e evitam a progressão da doença. Casos mais avançados necessitam de dispositivos que auxiliem no trabalho do coração, como os ressincronizadores e os corações artificiais. Estes, geralmente, servem de tratamento provisório nos casos em que o transplante é a melhor opção de tratamento.

Fonte: Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC)

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Autor: Adriana Bruno e Vivian Lourenço

 

Proporções Pandêmicas

Edição 285 - 2016-08-01 Proporções Pandêmicas

Essa matéria faz parte da Edição 285 da Revista Guia da Farmácia.

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