Hábitos de compra do brasileiro

O fator preço ainda prevalece na hora de comprar um produto

O Brasil vive um dos momentos mais desafiadores para o varejo. O consumidor mostrou que está em uma mudança visível quando o assunto é consumo. Mais consciente das suas escolhas, ele obriga o comércio a mudar totalmente a forma como se relaciona com o shopper moderno.

Neste cenário incerto, com a alta da inflação, o crescimento do desemprego e maior endividamento, o consumidor se adéqua a uma nova realidade, buscando alternativas para continuar consumindo ou, até mesmo, reduzindo o volume de compras.

E é diante desse novo comportamento, mais planejado e mais decidido a fazer escolhas para equilibrar seu orçamento, que a Nielsen divulgou a nova edição da análise anual Mudanças no Mercado Brasileiro 2016. A pesquisa estudou os cinco fatores essenciais sobre o consumidor, de curto e médio/longo prazo, para que fabricantes e varejistas se adaptem à dinâmica atual, saiam fortalecidos e vençam nos próximos anos. 

Ao redor do mundo, as multinacionais e as empresas locais estão competindo em uma batalha pelas preferências e pelos carrinhos dos consumidores. Baseado em respostas de mais de 30 mil entrevistados on-line em 61 países, abrangendo 40 categorias, o recente Estudo Global da Nielsen sobre Origem das Marcas examinou se os consumidores preferem produtos produzidos por marcas globais (definidos como aqueles que operam em muitos mercados) ou por agentes locais (que operam apenas em um mercado único – país de origem do entrevistado).

Relação com a marca

• Quase 3/4 dos entrevistados globais, em média, dizem que a origem da marca é tão importante quanto ou mais do que outros nove motivadores de compra, como seleção/escolha, preço, função e qualidade.

• Há exceções para cada categoria e em cada país, mas a origem da marca preferida para as principais categorias de produtos são geralmente agrupadas da seguinte forma:

Global: fraldas para bebês; cuidado pessoal e beleza; bebidas gaseificadas; automóveis e eletrônicos; cigarros.

Local: alimentos frescos; alimentos/petiscos embalados; café/chá; suco/água/leite.

Mista: alimentação/fórmula para bebês; suprimentos para limpeza doméstica; bebidas alcoólicas; alimentos para animais de estimação.

• As principais razões para escolher uma marca local ou global são as mesmas: preço/valor, experiência positiva com a marca, ingredientes e processamento mais seguro, melhores benefícios do produto e das promoções.

• Cerca de seis em cada dez respondentes globais (59%) dizem que compram marcas locais porque apoiam negócios locais, e a maior porcentagem está na América do Norte (65%). Entrevistados de mercados em desenvolvimento são mais propensos do que entrevistados em mercados desenvolvidos a dizer que as marcas locais estão mais sintonizadas com suas necessidades/gostos e que marcas globais oferecem as ofertas mais recentes/inovadoras de produtos e que são de melhor qualidade.

• Quando se trata de compras on-line, os entrevistados globais são mais propensos a procurar marcas globais para produtos duráveis e eletrônicos, e marcas locais para produtos de consumo.

Fonte: Estudo Global da Nielsen sobre Origem das Marcas

Resultados brasileiros

Em geral, ao comparar ambas as marcas, os brasileiros preferem as globais no quesito de percepção de qualidade e inovação que esses produtos trazem, mesmo considerando que eles sejam mais caros. Entretanto, mais de 60% dos entrevistados concordam que, de alguma forma, ao comprar as marcas de seu mercado, apóiam as empresas locais, beneficiando assim a economia. 

Por outro lado, poucos acreditam plenamente que as marcas locais estão em sintonia com suas necessidades e gostos. Para os brasileiros, sortimento, preço e benefícios são tão importantes quanto a origem do item.

Assim como os latinos, os brasileiros preferem as marcas globais para bens duráveis, principalmente produtos tecnológicos, como computadores e laptops (73%), celulares (73%), televisão (73%) e câmera/equipamentos de vídeo (63%). 

Eles também buscam marcas de fora para alguns produtos de cuidado pessoal, como xampu, condicionador e pasta de dente 

As marcas locais lideram a mente dos brasileiros quando o assunto é alimentação, com destaque para frutas (64%), vegetais (63%), carne (58%), leite (52%) e água (47%).

Na hora de comprar tanto uma marca global quanto uma local, o consumidor sempre olha primeiro para o preço  48% e 49% respectivamente.

Em segundo lugar, o fator decisivo para levar a marca global é a experiência prévia com o produto (41%) e para a local, é a promoção (37%).

Neste momento crítico, para a executiva de atendimento para a cesta de Higiene & Beleza da Nielsen, Tatiene Spósito do Vale, o consumidor está mais atento ao preço e pesquisando mais e troca a conveniência por economia. “Ele está disposto a andar mais para comprar mais barato. Esse melhor planejamento é a resposta do brasileiro para este momento de crise.”

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Categorias mais procuradas

O ano de 2015, segundo levantamento da Nielsen, mostrou a lealdade do consumidor, que não abre mão de alguns produtos, porém, as marcas líderes perdem importância – seis das top 10 perderam relevância.

“As mulheres são mais fiéis às marcas líderes, porém quanto mais idade a consumidora tem, menos fiel é; ela troca preferência por preço mais baixo”, analisa Tatiene.

Com isso, a executiva alerta que é necessário que o varejista tenha cuidado com o estoque, já que a ruptura estraga a lealdade. “Saber executar ações no ponto de venda (PDV) rende 25% de market share. Investir, mesmo em tempo de crise, gera bons resultados depois.”

Segundo o estudo da Nielsen, para as marcas globais, os brasileiros buscam mais de forma on-line celulares (67%), computadores e laptops (61%), televisão (49%) e roupa e calçado (39%). 

Já para as marcas locais, os entrevistados procuram mais pela internet roupa e calçado (41%), comida e bebida (40%), produtos de cuidado pessoal/beleza (30%) e de limpeza (29%). 

Antes de ir à loja física, os brasileiros preferem comprar de forma on-line marcas globais ou locais pelo melhor preço (66%), conveniência (60%), disponibilidade do produto (32%) melhor sortimento(27%) e qualidade (22%)

Para tentar garantir que o consumidor não deixe de comprar nenhum produto, apesar do cenário adverso, Tatiene destaca que 60% das categorias crescem por embalagens econômicas. “Os tamanhos de embalagens são opções de desembolso para o consumidor.” 

Autor: Vivian Lourenço

 

Proporções Pandêmicas

Edição 285 - 2016-08-01 Proporções Pandêmicas

Essa matéria faz parte da Edição 285 da Revista Guia da Farmácia.

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