Problemas das lesões

Métodos inadequados de exercícios físicos podem ocasionar sérios problemas 

Um bom par de tênis e roupa apropriada parece ser o bastante para começar a prática de esportes, correto? Nem sempre. Alguns esportes, como, por exemplo, a corrida, utilizam grandes grupos musculares de forma intensa e, por isso, o corredor deve estar sempre atento aos alongamentos, treinos de fortalecimento muscular e resistência, caso contrário, as lesões podem aparecer. 

Os atletas ocasionais ou popularmente chamados de atletas de fim de semana são os que estão mais propensos a sofrer contusão, seja por trauma ou por rompimento dos músculos.  

Segundo os médicos ortopedistas, a lesão pode ser tanto de grau leve ou mais intensa. E atenção, os especialistas revelam que os atletas amadores se assemelham muito aos profissionais, pelo menos no quesito lesão, já que elas são as mesmas em ambos os casos. O que é diferente, é a causa. Nos amadores ou recreacionistas, sedentarismo, sobrepeso, falta de alongamentos desencadeiam o problema. Já nos profissionais, as lesões são causadas por fadiga, excessos de treinos e um calendário absurdo obrigando competições sem intervalo para repousar o músculo.  

Porém, pode-se dizer que, em termos anatômicos, não existe diferença, quando ocorre um edema ou uma ruptura da musculatura. “A única diferença é que, nos profissionais, o tratamento é muito mais intenso e começa rapidamente após a lesão. Nesses casos, a recuperação é muito mais rápida”, alerta o especialista em coluna pelo Hospital das Clínicas (SP) e membro da Sociedade Brasileira de Ortopedia e Traumatologia (SBOT), Dr. Rogério Vidal de Lima. 

Qualquer tipo de injuria que atinja o tecido muscular é considerado uma lesão muscular. Elas podem acontecer fundamentalmente de duas formas: trauma direto, tipo uma joelhada na coxa do adversário, ou trauma indireto, que são estiramentos e distensões que podem acontecer durante uma corrida, por exemplo.  

É preciso orientação 

As lesões mais comuns dos esportistas esporádicos acabam sendo as mesmas, na maioria dos casos. Elas atingem mais as áreas dos joelhos, coxas e tornozelos. O Dr. Lima destaca que os problemas mais  comuns atingem os músculos dos membros inferiores. 

“Nos atletas de fim de semana, as contraturas musculares e as lesões por fadiga são as mais frequentes e felizmente as de mais fácil recuperação”, detalha o especialista do Núcleo de Ortopedia do Hospital Samaritano, Dr. Marco Antonio Ambrósio. 

As lesões da região inguinal (virilha), coxa e panturrilha são a maioria dos casos de atendimento. A lesão número um no esporte é a distensão (ruptura) do músculo bíceps femoral (região posterolateral da coxa perto do joelho). 

Dicas aos clientes da farmácia 

Alongamento e aquecimento 

Antes de começar a correr, os músculos não estão preparados para o esforço, portanto, é necessário alongar. Os alongamentos aumentam a amplitude muscular e melhoram os movimentos. Devem ser feitos de forma lenta e prolongada e com as posições corretas para não prejudicar as articulações. Os movimentos bruscos da corrida sem o preparo correto e sem os alongamentos podem causar ruptura das fibras musculares e outras lesões. Também é necessário aquecer o corpo para o esforço intenso que virá em seguida. Dessa forma, o organismo – principalmente o sistema cardiovascular – terá tempo de se adaptar e entender que haverá mudança do estado de repouso para o esforço.  

Fortalecimento muscular 

A musculação cria novas células e aumenta a resistência das fibras musculares. Isso é muito importante, pois músculos maiores e mais fortes absorvem os impactos e os movimentos bruscos, o que protege as articulações, os tendões e ligamentos dos desgastes. O ideal é intercalar os treinos de corrida, a musculação e o descanso, além de consultar um especialista para verificar se o atleta iniciante está apto para começar a corrida e, também, para traçar o planejamento dos treinos. 

Correndo no frio 

No frio, a chance de lesão é maior. Isso acontece porque os músculos estão menos elásticos devido às baixas temperaturas e demoram mais tempo para chegarem à condição ideal para a prática da corrida. Portanto, o aquecimento e o alongamento são muito importantes.  

Fonte: Calminex 

 

Auxiliares no tratamento da dor

Analgésicos e anti-inflamatórios de uso oral ou tópico, como: 

• Pomadas; 

• Sprays; 

• Adesivos; 

• Bolsas térmicas (de frio ou calor);  

• Neurotransmissores musculares.

O que fazer? 

Após a constatação de uma lesão leve (onde menos de 5% das fibras musculares foram lesionadas) ou moderada (quadro em que mais de 5% das fibras sofreram lesão), a conduta inicial deve ser o Proteção, Repouso, Trioterapia, Compressão e Elevação (P.R.I.C.E.). Se o paciente apresentar dor importante, pode ser necessária a terapia medicamentosa. Nesses casos, podem ser indicados relaxantes musculares e analgésicos. Ativos como o clonixinato de lisina podem ser indicados em casos de lesões leves ou moderadas, em situações onde a dor é o sintoma principal ou secundário, qualquer que seja seu tipo, intensidade e localização.  

Aliás, para aliviar as dores, muitos pacientes chegam às farmácias e drogarias buscando alternativas rápidas e acabam se automedicando. Os medicamentos anti-inflamatórios de uso tópico ou oral atuam aliviando a dor, o edema e a inflamação. Os de uso tópico podem ser apresentados em forma de spray, pomadas, adesivos ou bolsas quentes ou frias.  

Há ainda uma inovação da indústria farmacêutica com o estimulador neuromuscular. Trata-se de um sistema eletrônico revolucionário, desenhado para aplicar diretamente ao corpo uma estimulação elétrica de baixa intensidade, visando o alívio sintomático de pequenas moléstias, dores musculares e tensões musculares moderadas associadas com estresse. 

Para aumentar a facilidade de utilização, os eletrodos estão integrados dentro do dispositivo. O aparelho é usado até que a bateria se esgote, quando então, o dispositivo deverá ser descartado. 

Não existe uma fórmula definida sobre o que fazer para evitar completamente a ocorrência das lesões musculares, já que elas podem aparecer a qualquer momento. Porém, existem alguns métodos que diminuem o risco de sua frequência. 

A atividade adequada de toda a musculatura, seguida de exercícios de alongamento, são condições que fazem com que o músculo se prepare eficientemente e ajudam a evitar contusões. Os sintomas de uma lesão podem variar, mas os principais são enrijecimento do músculo, sensibilidade ao toque e dor quando é movimentada a região afetada. Algumas pessoas também podem apresentar inchaços locais.  

Marcas aparentes 

Traumas mais sérios podem levar ao surgimento das famosas manchas arroxeadas na pele. As maneiras para o desenvolvimento dessas marcas, popularmente conhecidas por hematomas, são diversas e existe uma explicação científica.  

“O hematoma se define como qualquer coleção de sangue fora do leito vascular. A gravidade do problema se caracteriza de acordo com a região do corpo em que acontece. Um hematoma no cérebro, por exemplo, que pode ser reflexo do rompimento de um aneurisma, e é algo grave. Em contrapartida, um trauma esportivo que dê origem a um hematoma, de modo geral, não tem tanta gravidade”, analisa o cirurgião vascular do Hospital do Coração (HCor), Dr. Gilberto Narchi Rabahie. 

No entanto, o termo hematoma é usado, por vezes, incorretamente, pela população, já que ele representa um quadro mais sério. Afinal, junto com as marcas arroxeadas, o hematoma também se manifesta por abaulamentos na superfície da pele. “Hematomas são acúmulos de sangue decorrentes de rotura de vasos maiores, formando verdadeiros tumores”, conta o professor assistente de Cirurgia Vascular do Departamento de Cirurgia da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP), Dr. Paulo Kauffman.  

Assim, ao tocar a pele, também é possível distinguir os quadros. “Além da coloração, no hematoma, essa mancha é ‘sentida’, já que se forma uma espécie de ‘calombo’, que deixa a pele abaulada. Já na equimose, não há essa formação”, reforça o hematologista do Hospital Sírio-Libanês, Dr. Elbio D’Amico. 

Assim, quando o problema é mais superficial, as manchas adquiridas são classificadas como equimoses. “As equimoses são manchas azuladas que surgem na pele, sem abaulamento local, e são muito mais frequentes do que os hematomas na prática”, comenta o Dr. Kauffman, acrescentando que os hematomas superficiais, na fase crônica, podem pigmentar a pele, tornando-a mais escura na região. Já as equimoses são inicialmente azuladas, tornando-se amareladas e finalmente desaparecendo, sem deixar marcas na pele. 

É importante, ainda, diferenciar os hematomas e equimoses dos quadros de trombose ou tromboflebites, já que são eventos distintos, conforme explica o cirurgião vascular do Hospital Santa Marcelina, Dr. Marcelo Calil Burihan. “Não há relação entre essas patologias, uma vez que trombose é oclusão de um vaso e hematoma é um extravasamento de sangue formando uma coleção. Só é possível dizer que durante o tratamento de tromboses venosas, o uso de anticoagulantes pode levar mais facilmente à formação de hematomas pós-traumas”, esclarece o médico.

Problemas comuns 

1. Inflamação da canela: conhecida também como canelite, é caracterizada por uma inflamação dos tecidos do tendão e dos músculos ao redor da tíbia. 

2. Fascite plantar: a fáscia plantar, localizada na sola do pé, liga o calcanhar aos dedos. Ocorre devido a alterações na forma do pé, aumento de peso ou erros de pisada durante o treinamento. Treinar intensamente em terrenos irregulares pode aumentar as chances de desenvolver o problema. 

3. Torção: também chamada de entorse, provoca o estiramento ou a ruptura de um ou mais ligamentos do tornozelo. O ideal é evitar terrenos esburacados, que aumentam as chances para a incidência deste tipo de lesão. 

4. Fratura por estresse: são muito frequentes em decorrência do impacto da atividade durante a corrida.  

5. Tendinite de Aquiles: caracterizada por uma inflamação ou degeneração do tendão de Aquiles, é fruto de um desgaste da articulação. Causa inchaço e dor.  

6. Distensão muscular: é resultado da sobrecarga de exercícios físicos sem repouso adequado ou por falta de alongamento. Acontece quando os músculos posteriores da coxa são contraídos fortemente e repetidamente, sobrecarregando os músculos mais fracos e levando ao estiramento muscular parcial ou total.  

7. Lombalgia: mais conhecida como dor na coluna, é fruto da ausência de alongamento e também da realização de exercício em postura inadequada. 

Fonte: Biofenac


Autor: Kathlen Ramos, Tassia Rocha e Vivian Lourenço

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Edição 286 - 2016-09-01 Opção de escolha

Essa matéria faz parte da Edição 286 da Revista Guia da Farmácia.

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