Salvando vidas

Um ato de amor ao próximo, de cidadania e de solidariedade. Saiba como esse gesto rápido, simples e seguro pode preservar muitas pessoas

Atualmente, são coletadas, no País, cerca de 3,6 milhões de bolsas de sangue/ano, o que corresponde ao índice de 1,8% da população. Embora o percentual esteja dentro dos parâmetros da Organização Mundial da Saúde (OMS), o Ministério da Saúde (MS) trabalha para aumentar este índice. O ideal é ter entre 3% e 4% da população apta.

Segundo a assessoria de imprensa do Serviço de Captação de Sangue do Hemocentro de Ribeirão Preto (SP), diariamente, muitas pessoas sofrem acidentes ou estão internadas por diferentes doenças e necessitam de transfusões sanguíneas. “O sangue humano é fracionado nos seus diversos componentes ou é processado em seus variados produtos e serve a muitos pacientes e, em várias situações, ele é imprescindível, não podendo ser substituído por outro produto. Trata-se de algo que não pode ser comprado e, portanto, depende da solidariedade das pessoas. Além disso, o sangue humano tem tipos diferentes e os hemocomponentes têm validade definida, sendo que num dia podemos tê-los e no outro, não.”

De acordo com o MS, no Brasil, a remuneração da doação de sangue é proibida. Do total de pessoas que procuram os hemocentros, 64,8% são doadores do sexo masculino e 35,1% são do sexo feminino. A faixa etária que mais realiza doações vai de 18 a 29 anos (41,3%). As demais faixas, acima dos 29 anos, respondem por 58,6%. 

Depois dos hospitais de emergência, o Instituto Nacional de Câncer José Alencar Gomes da Silva (Inca) é a unidade pública de maior movimento de pacientes da cidade do Rio de Janeiro (RJ). Eles são submetidos a cirurgias, quimioterapia, radioterapia e transplantes de medula óssea e recebem transfusões de sangue regularmente. O Banco de Sangue do Inca precisa manter estoque suficiente para atender a mais de mil pacientes mensais.

“Campanhas que conscientizem a população sobre a importância da doação são fundamentais. A doação de sangue no Brasil não ocorre de uma forma regular, como em outros países que vivenciam grandes catástrofes com regularidade e mobilizam os seus doadores. Já tivemos situações com grande apelo emocional em que a população sempre respondeu imediatamente e com uma grande quantidade de pessoas. Essas mobilizações não deveriam acontecer apenas em períodos críticos, o cidadão deveria saber o quão importante e solidário é o ato de doar sangue regularmente, pois doadores fidelizados são de extrema importância para garantir o estoque de sangue e hemocomponentes dos serviços”, afirma a assistente social do Inca, responsável pela captação de doadores, Karla Savedra. 

Critérios para a doação

Segundo a Fundação Pró-Sangue, no Brasil, as doações dividem-se em duas categorias: voluntária e vinculada, também chamada de reposição.

 Doação voluntária é aquela em que o indivíduo doa seu sangue altruística e solidariamente, isto é, sem preocupar-se em saber a quem ele se destina.

 A doação vinculada (de reposição) é particular, personalizada, feita para repor a quantidade de sangue utilizada no tratamento de um parente ou amigo internado.

Os pré-requisitos para a doação de sangue incluem idade de 16 a 69 anos, peso mínimo de 50 kg e estar em boas condições de saúde. Os critérios de seleção do doador têm como objetivo assegurar o bem-estar de quem doa e de quem recebe a transfusão. “O doador de sangue responde a um questionário extenso com relação a saúde, histórico médico, hábitos de vida, viagens para áreas de risco (nacionais e internacionais), de exposição a agentes infecciosos que podem ser transmitidos por transfusão como, por exemplo, malária, Doença de Chagas, Doença da Vaca Louca, vírus do Nilo Ocidental, etc. Os critérios de seleção do doador seguem as recomendações determinadas pela Portaria 2712, do MS”, informa a hematologista do Hospital Israelita Albert Einstein, Dra. Araci Sakashita.

Ela orienta que o doador de sangue com atividades que ofereçam risco para seu bem-estar ou de outras pessoas, deve aguardar, pelo menos, 12 horas após a doação para retornar ao trabalho (por exemplo: piloto de avião ou helicóptero, condutor de veículos de grande porte, operador de maquinário de alto risco em indústria ou construção civil, trabalhador em andaimes, prática de paraquedismo ou mergulho). Lembrando que todo material utilizado na coleta do sangue é descartável, o que elimina qualquer risco de contaminação para o doador.

No Brasil, como se não bastasse o problema cultural, mitos e tabus conseguem afastar muitas pessoas dos postos de coleta. A Fundação Pró-Sangue apontou alguns mitos e verdades. Saiba como orientar o paciente:

Mitos e tabus:

• Quem doa sangue uma vez tem de continuar doando pelo resto da vida.

• A doação “engrossa” o sangue, entupindo as veias.

• A doação faz o sangue “afinar”, “virar água”, provocando anemia.

• Doar sangue engorda.

• Doar sangue emagrece.

• Doar sangue vicia.

• Mulheres menstruadas não podem doar sangue.

• Os doadores correm risco de contaminação.

Verdades:

• Doar sangue não enfraquece o organismo.

• Não existem riscos de se contrair doenças durante a doação.

• Sempre que o sangue coletado apresentar problema, o doador é convidado a comparecer ao hemocentro para refazer os exames.

• Após o parto, a mulher pode voltar a doar depois de três meses se o parto for normal e seis meses se for cesariana.

• Durante a gravidez, a mulher não pode doar.

Etapas da doação de sangue

O processo da doação de sangue é constituído pelas seguintes etapas: cadastro, teste de anemia, sinais vitais, triagem clínica, voto de autoexclusão e coleta de sangue.

Tempo (min.)

Etapa

Descrição

3

Recepção e Cadastro

O candidato à doação informa seus dados e recebe um código que o acompanha durante todo o processo da doação. Ele deve apresentar um documento de identidade.

2

Teste de Anemia

Retira-se uma gota de sangue do dedo. Pessoas com anemia não podem doar.

1

Sinais Vitais e Peso

São verificados o batimento cardíaco, pressão arterial e peso do candidato.

8

Triagem Clínica

O candidato responde a uma entrevista confidencial, com o objetivo de avaliar se a doação pode trazer riscos para ele ou para o receptor.

2

Voto de Autoexclusão

Depois da entrevista, o candidato tem a oportunidade de dizer se tem ou não comportamento de risco para aids. Sua identidade é preservada, pois a bolsa é identificada pelo código de barras. Se a resposta for Sim, ele fará a doação, o sangue passará por todos os testes e, mesmo que os resultados sejam negativos, a bolsa será desprezada. Se a resposta for Não, a bolsa só será utilizada se todos os exames apresentarem resultados negativos.

10

Coleta

São coletados cerca de 450 mL de sangue em uma bolsa de uso único, estéril, sendo, portanto, a coleta de sangue totalmente segura.

11

Lanche

É preciso que o doador se alimente após a coleta.

Fonte: Fundação Pró-Sangue

Respeitar os intervalos para doação

Homens: 60 dias (máximo quatro doações nos últimos 12 meses).

Mulheres: 90 dias (máximo três doações nos últimos 12 meses).

Autor: Tassia Rocha

 

Campanha Preventiva

Edição 288 - 2016-11-01 Campanha Preventiva

Essa matéria faz parte da Edição 288 da Revista Guia da Farmácia.

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