Insuficiência cardíaca: problema que bate no peito

O sinal de alerta é quando o principal órgão do organismo não consegue bombear sangue para todo o corpo, a fim de suprir as necessidades de nutrir todos os outros 

O coração é uma verdadeira máquina, ele é responsável por bombear o sangue para todas as partes do corpo e manter todos os órgãos funcionando plenamente. Mas ele pode apresentar diversos problemas que comprometem o bom funcionamento do mecanismo humano.

Um desses problemas é a Insuficiência Cardíaca (IC), que apesar de apresentar várias denominações, é caracterizada pela deficiência do coração em bombear o sangue.

“A IC é uma síndrome, ou seja, quadro clínico causado por uma série de doenças diferentes que acometem o sistema cardiovascular. Ela ocorre quando o coração não consegue bombear o sangue de forma adequada para suprir as necessidades dos tecidos do organismo”, detalha o cardiologista do Hospital Santa Paula, Dr. Fabrício Borges.

Ela acontece, de acordo com o cardiologista da Rede de Hospitais São Camilo de São Paulo, Dr. Pedro Mekhitarian, de maneiras diferentes. “Pode ocorrer de modo de instalação rápida [Infarto Agudo do Miocárdio (IAM), inflamação do músculo cardíaco por um agente viral, ocasionando miocardites, miocardites pós-parto ou do puerpério], ou de instalação lenta e gradual (Doença de Chagas, hipertensão arterial sistêmica não tratada ou negligenciada, entre outras).”

A causa mais comum, de acordo com o Dr. Borges, é a doença obstrutiva coronária, quando as artérias que suprem o músculo cardíaco se tornam progressivamente mais finas pelo depósito de gordura (placa aterosclerótica), comprometendo a irrigação de sangue no coração e, consequentemente, suas funções, ou quando essas obstruções causam o IAM, levando dano irreversível ao músculo e tornando o coração mais fraco.  

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Tipos, fatores e tratamento

Existem basicamente dois tipos de IC: a forma clássica, conhecida como coração “fraco” em que há uma redução da força do músculo cardíaco, geralmente com aumento das dimensões do coração; e a segunda forma em que o coração tem contração normal, mas é, de alguma maneira, mais rígida, dificultando também que ele exerça suas funções adequadamente. 

“Os sintomas das duas formas são semelhantes, porém é primordial que se tenha a diferenciação, pois há uma grande diversidade de causas e algumas sutilezas em relação ao tratamento”, explica o cardiologista do Hospital Santa Paula. 

Além disso, o cardiologista da Rede de Hospitais São Camilo de São Paulo divide a IC em dois tipos:

• IC sistólica: ocorre quando o músculo cardíaco tem uma diminuição na sua força de contração, tendo dificuldade para ejetar o sangue para fora do coração adequadamente.

• IC diastólica: os músculos do coração ficam rígidos, restringindo o enchimento da cavidade cardíaca, ficando com dificuldade para ejetar o sangue. 

“Os fatores de risco envolvem: pressão arterial elevada, doença arterial coronariana, IAM, diabetes, apneia do sono, cardiopatias congênitas, infecção por vírus, consumo de álcool”, destaca o Dr. Mekhitarian.

O tratamento pode ser dividido em três partes, segundo o Dr. Borges: 

1) Mudanças de hábitos de vida:

– Atividade física regular.

– Perda de peso.

– Retirada do álcool e do cigarro.

– Controle de peso diário.

– Redução de sódio na dieta.

– Restrição hídrica. 

2) Tratamento medicamentoso:

Geralmente, com associação de diversas medicações sinérgicas em efeito, que deve ser seguida rigorosamente e ajustada conforme cada caso.  

3) Tratamento cirúrgico:

– Cirurgia de revascularização miocárdica (ponte de safena) para os casos de obstrução nas artérias coronárias.

– Cirurgia de troca de valva – para os casos de disfunção das valvas cardíacas, como a valvopatia reumática e a estenose aórtica.

– Aparelhos para sincronizar melhor a contração do coração (marca-passo ressincronizador).

– Aparelhos para tratamento de arritmias graves (desfibrilador implantável).

– “Devices” de assistência ventricular ou de “corações artificiais”. 

Os riscos, como alerta o Dr. Mekhitarian, de não realizar o tratamento adequadamente vão desde perda da qualidade de vida, internações hospitalares de repetição, até morte súbita, portanto, uma pessoa diagnosticada com IC, além de seguir corretamente as recomendações médicas, deve fazer uso da medicação prescrita religiosamente.

Outras causas mais comuns de Insuficiência Cardíaca (IC)

• Hipertensão arterial.

• Doenças específicas do músculo cardíaco (miocardiopatias/miocardites/Síndrome de Takotsubo).

• Alterações do ritmo do coração (arritmias).

• Doenças congênitas do coração (presentes desde o nascimento).

• Doenças das valvas cardíacas (incluindo doença reumática).

• Doença de Chagas.

• Exposição a efeitos tóxicos de medicamentos (alguns quimioterápicos), álcool e drogas ilícitas. 

• Doenças da tireoide.

Observação: a Síndrome de Takotsubo, também conhecida com Síndrome do Coração Partido, é uma causa relativamente nova de IC Aguda, muitas vezes confundida com Infarto Agudo do Miocárdio (IAM) e que tem alguns aspectos característicos de agressão do músculo do coração sem ter doença obstrutiva nas coronárias. Seu diagnóstico é feito uma vez excluída a obstrução por meio de uma ressonância cardíaca e, apesar de potencialmente grave, uma vez tratada e diagnosticada corretamente, geralmente, tem uma evolução boa, com recuperação das funções do coração na maioria dos casos.

Fonte: cardiologista do Hospital Santa Paula, Dr. Fabrício Borges

Autor: Vivian Lourenço

 

Estrada do crescimento

Edição 290 - 2017-01-01 Estrada do crescimento

Essa matéria faz parte da Edição 290 da Revista Guia da Farmácia.

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