Perigo invisível

As doenças são provocadas por agentes específicos e acometem o ser humano de forma irrestrita. São observadas tanto em crianças quanto nos adultos e geram quadros de profundo mal-estar

Dor de cabeça, diarreia, vômito e mal-estar são sensações desagradáveis e que podem revelar casos de viroses ou verminoses. 

O termo virose indica todas as infecções de origem viral, como, por exemplo, resfriados ou até mesmo Aids e hepatite, porém, levam este diagnóstico apenas infecções virais leves, de origem gastrointestinal ou respiratória, que são curadas após alguns dias. 

Já a verminose é provocada por vermes parasitas que se instalam no organismo, como ascaridíase (lombriga), teníase (solitária), oxiuríase, tricuríase, ancilostomíase, giardíase e esquistossomose.

De acordo com a infectologista do Hospital Samaritano, Dra. Maria Luisa do Nascimento Moura, virose é o termo usado para qualquer infecção causada por vírus, que são organismos invisíveis a olho nu. Já as verminoses são doenças causadas por parasitas que se alocam no interior do corpo e, muitas vezes, podem ser visualizados a olho nu. 

“Tanto a virose quanto a verminose podem se manifestar com sintomas de acometimento do trato gastrointestinal, como náuseas, vômitos, diarreia e cólicas abdominais. As viroses também podem se manifestar com quadros respiratórios, como dor de garganta, coriza, tosse e rouquidão. A principal diferença entre as viroses e as verminoses é que as primeiras causam quadros mais agudos, de poucos dias de duração, enquanto as segundas podem se manifestar por meses.”

Como e por que ocorrem?

A verminose afeta pessoas de todas as idades e ambos os sexos e suas consequências podem causar prejuízos à saúde e levar à morte. A contaminação mais comum é pela ingestão de alimentos ou água contaminada, ou então através de ferimentos na pele. “As verminoses estão mais relacionadas a condições socioeconômicas deficitárias (carentes) e saneamento básico precário, além de cuidados de higiene inadequados, como falta de higienização das mãos, por exemplo”, comenta o médico clínico geral chefe de plantão do Pronto-Socorro do Hospital Santa Cruz e supervisor médico da Associação Monte Azul, Dr. Walter Costa.

“As viroses têm como principal meio de transmissão os fluidos orgânicos, como saliva, gotículas em suspensão, esperma, sangue (transmissão vertical na gestação e transfusões de sangue, seringas compartilhadas no uso de drogas) e vetores (insetos). Podem ser transmitidas ainda por hepatites A e D”, explica o Dr. Costa.

De acordo com a Dra. Maria Luisa, os vírus mais comuns causadores de infecções intestinais são o rotavírus, norovírus, adenovírus e enterovírus. “O rotavírus acomete, principalmente, crianças de até cinco anos de idade, causando metade dos quadros de diarreia nesta população.”

Para a mestra e doutora em infectologia do Complexo Hospitalar Edmundo Vasconcelos, Dra. Graziella Hanna Pereira, a infecção por virose também depende da imunidade do paciente, ou seja, se estiver imunossuprimido ou em faixa etária mais suscetível, como crianças e idosos, pode além de predispor, levar a infecções mais graves.

Diarreia é o principal sintoma

As cólicas e a diarreia fazem parte do quadro de sintomas das verminoses, porque o organismo tem de expelir o verme que se encontra nele.

As viroses e verminoses alteram o funcionamento normal do intestino a partir de diversos mecanismos, como: liberação de toxinas, alteração de flora intestinal normal e diminuição de absorção de água e nutrientes, resultando em aumento do peristaltismo (movimento das alças intestinais) e liquefação das fezes.

A diarreia é um sintoma frequente tanto nas viroses como nas verminoses, já que ela ocorre pela inflamação das células da mucosa do intestino delgado, o que provoca destruição das estruturas responsáveis pela absorção de água e nutrientes. 

“Como as viroses são doenças autolimitadas, a diarreia deve ser tratada com hidratação vigorosa para a reposição do líquido perdido. Quando a perda de líquidos é muito intensa ou o indivíduo não tem condições de ingerir líquido, essa hidratação deve ocorrer por via endovenosa”, orienta a infectologista do Hospital Samaritano, Dra. Maria Luisa do Nascimento Moura.

Prevenção e tratamento

Para prevenir a contaminação por viroses ou verminoses é necessário que as pessoas lavem bem os alimentos, evitem a ingestão de água não filtrada ou não fervida, evitem a ingestão de carnes mal passadas e lavem bem as mãos antes e após a alimentação ou após utilizar o banheiro. “Deve-se também lavar bem as mãos antes e após o contato com qualquer pessoa que tenha suspeita de virose e evitar comer em lugares não higiênicos”, orienta a Dra. Maria Luisa.

De acordo com o Dr. Costa, nos casos de viroses, o tratamento é sintomático, a partir de analgésicos, antitérmicos e antieméticos. Na existência de fatores de agravo, a hospitalização pode ser considerada. Já as verminoses são tratadas com antiparasitários específicos, além de controle e alívio dos sintomas. A hidratação (via oral ou endovenosa) se faz importante, além de medicamentos que atuam no controle das náuseas e na reposição da flora intestinal. “Já o tratamento das verminoses depende da identificação do parasita por exame de fezes e é realizado com anti-helmínticos, que variam de acordo com o parasita identificado”, explica a Dra. Maria Luisa. 

 
Autor: Renata Martorelli

De olho no shopper

Edição 293 - 2017-04-01 De olho no shopper

Essa matéria faz parte da Edição 293 da Revista Guia da Farmácia.

Deixe um comentário