Questão de pele

Manchas e cicatrizes são o terror de toda pessoa que se preocupa com a aparência. Cuidados ao longo da vida e tratamentos adequados são fundamentais para minimizar os problemas

Uma das principais queixas e motivos que levam pacientes aos consultórios dermatológicos são as manchas e cicatrizes de pele, e é pelas manchas que começaremos esta reportagem.

Elas podem surgir por diversos fatores, entre eles a genética, os hormônios, a exposição aos raios solares e até mesmo fatores externos, como alimentação, meio ambiente e estresse.

O aumento na produção de melanina, pigmento responsável pela cor da pele, é outro gatilho para o surgimento das manchas de pele. De acordo com a médica especialista em dermatologia e clínica médica, Dra. Giselle Sanches, o que piora muito as manchas é a radiação solar sem a proteção diária. Além de combinações como a má alimentação (comidas muito gordurosas e industrializadas), a poluição do ar, o excesso ou a falta de hormônios no corpo.

“Dependendo do tipo de pele do paciente, há uma tendência de que a mancha apareça em mais locais, como uma pessoa idosa que ao longo da vida ficou muito exposta ao sol. Como são multifatoriais, não há uma única causa que determine o aparecimento delas”, explica a Dra. Giselle.

Ela conta ainda que estudos feitos por cientistas e médicos apontam que, no caso do melasma, por exemplo, existem genes que podem ter relação com manchas na pele. “Mas esses genes ainda estão sendo estudados e identificados para podermos aplicar na medicina”, diz.

Além disso, as pessoas com a pele morena têm tendência às manchas escuras, principalmente após alguma inflamação, enquanto as de pele muito clara têm mais tendências a manchas causadas pela exposição ao sol.

“Outras causas são a gravidez, quando a pele está mais reativa aos hormônios, além das manchas após processos inflamatórios na pele, chamadas de hipercromia pós-inflamatória”, explica o diretor médico da clínica Mais Excelência Médica, Dr. Newton Moraes.

As manchas podem ainda ser classificadas como hereditárias ou adquiridas. No primeiro caso, um exemplo são as efélides, ou sardas. O dermatologista do Hospital Santa Cruz de São Paulo, Dr. Marcelo Nakamura, conta que elas possuem de dois a quatro milímetros de diâmetro e surgem dos seis aos 18 anos de idade, após exposição solar e, principalmente, após queimaduras solares.

A pele e os efeitos do sol 

Apesar da característica multifatorial, a exposição ao sol por longos períodos durante a vida é uma das causas mais citadas pelos especialistas. Quando se fala em manchas na pele, é consenso, inclusive, que independente da causa, as manchas são agravadas pela exposição da pele ao sol.

Segundo o dermatologista e membro titular da Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD), Dr. Daniel Dziabas, a produção de melanina pode ser maior em função do aumento do número ou da atividade dos melanócitos, ou seja, das células responsáveis pela produção de melanina.

Para ele, o aparecimento de manchas na pele significa que a pessoa já ficou muito exposta ao sol durante a vida, uma vez que o efeito danoso da radiação ultravioleta fica na memória da pele, é um efeito cumulativo.

Tipos de cicatrizes 

As cicatrizes são uma resposta do organismo a uma lesão direta na epiderme. Toda vez que a pele sofre um trauma, ocorre uma reparação do tecido e forma-se uma cicatriz. É um processo complexo.

Elas, portanto, fazem parte do processo de cura e quanto mais danos forem causados à pele e mais tempo ela demorar para se curar, maiores as chances de que uma grande cicatriz se forme no local.

 

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Normais:
Quando a cicatrização está mais próxima do tecido da pele que foi perdido.

 

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Hipertróficas:
São mais robustas e ocorrem quando o organismo produz muito colágeno ou ainda de forma descontrolada. Essa cicatriz fica mais elevada em relação ao tecido da pele da pessoa.

 

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Atróficas:
Acontecem quando há perda das estruturas que apoiam a pele, a gordura e o músculo, formando um tipo de buraco na pele, deixando-a mais flácida do que o tecido que não foi lesionado.

 

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Queloide:
É uma proliferação fibrosa, ou seja, é uma cicatriz que não sabe parar de crescer, tornando-se maior do que a própria lesão ou ferimento inicial. Esse crescimento desenfreado acontece porque o corpo não consegue parar de produzir colágeno novo.

Tratamento cosmético 

Uma vez que as manchas já surgiram, é importante realizar todo o tratamento com adequado acompanhamento médico para que as causas sejam identificadas, garantindo as melhores indicações terapêuticas.

Entre os tratamentos disponíveis, há os cosméticos que clareiam manchas. “Esses produtos, geralmente, têm substâncias que fazem a renovação celular e que ajudam a dispersar o pigmento depositado na pele. Além disso, também possuem substâncias despigmentantes, como os inibidores da tirosina, que ajudam a diminuir a produção de melanina pela pele”, explica o Dr. Dziabas. Ele revela que esses cosméticos são usados, geralmente, à noite e devem ser removidos completamente pela manhã, associado à aplicação do filtro solar.

Os cremes clareadores combinam ácidos retinoico, glicólico e retinaldeido às substâncias que despigmentam a pele, como hidroquinona e alfaarbutin. “Esses podem demorar até dois meses para os efeitos começarem a aparecer e não é em todos os pacientes que o método funciona”, diz a Dra. Giselle. Ela ainda acrescenta que a espécie de pele, cor e formato da mancha podem sugerir o tipo de tratamento que se deve fazer.

Aparência minimizada 

São inúmeros os fatores que determinam uma cicatriz: a profundidade do corte ou queimadura, o agente que causou a agressão, o tempo que a pessoa levou para ter essa cicatrização, o estado nutricional e a idade da pessoa, a região da pele onde aconteceu a agressão, se a pessoa tomou sol ou não no pós-ferimento, o histórico familiar.

Os métodos de tratamento irão depender do tipo de cicatrização que vão desde os procedimentos com lazer, microdermoabrasão, entre outros, até os cosméticos. A Dra. Giselle explica que a maioria dos produtos usados para os tratamentos de cicatrizes forma uma película sobre a pele que ajuda na formação do colágeno, evitando que esse colágeno se hiperprolifere na região da cicatriz e na formação de queloides.

Autor: Adriana Bruno 
 

Prateleiras infinitas

Edição 294 - 2017-05-01 Prateleiras infinitas

Essa matéria faz parte da Edição 294 da Revista Guia da Farmácia.

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