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Produtos antiqueda atingem 12% de participação no mercado de hair care

Previsões apontam que vendas de itens para queda capilar continuarão a crescer acima da média da categoria de cuidados capilares

Os mercados de cosméticos e dermocosméticos vêm apontando um aumento de oferta de produtos desenvolvidos especificamente para tratar a queda capilar. Embora tenha crescido a demanda pelos consumidores, não se pode ignorar que os avanços científicos estão levando a um grande número de descobertas de ativos que apresentam resultados animadores e comprovados para prevenir, tratar e até reverter o afinamento e a perda de fios.

Para a diretora comercial para a Argentina e Brasil do The NPD Group, Ana Seccato, são muitos os fatores que levam à queda de cabelo, como gravidez, ansiedade, estresse e em consequência da pós-Covid-19.

“A queda de cabelo afeta em torno de um quarto das pessoas que contraíram a Covid. Isso porque a infecção atua na última fase do cabelo, a telógena, na qual o cabelo cai naturalmente, fazendo com que o processo de perda de cabelo seja mais intenso e ocorra antes do tempo considerado normal”, avalia.

De janeiro a junho deste ano, de acordo com o NPD Sales Tracking Brazil, o mercado de produtos voltados à queda cresceu aproximadamente 30%, considerando os produtos mais relevantes: condicionadores, shampoo e tratamento.

“Há uma evolução na importância que esses produtos vêm ganhando ao longo dos anos”, afirma Ana, que destaca que, em 2019, por exemplo, os produtos antiqueda representavam 3% do mercado total de hair care.

Em 2020, passaram a representar 5% e, em 2021, 11%.

Já neste ano, a participação já é de 12%. “Em valores absolutos, até junho de 2022, esses produtos já atingiram um valor próximo a R$ 20 milhões em vendas”.

Mais de US$ 134 bilhões em 2028

A WGSN, empresa global de tendências de comportamento e consumo, prevê que o setor de cuidados capilares, um dos únicos que cresceram durante a pandemia, deve movimentar US$ 134,3 bilhões até 2028, com uma CAGR de 6,6% entre 2021 e 2028.

A especialista em tendências da empresa, Nicole Silbert, estima que o segmento de produtos para queda de cabelo terá o maior crescimento dentro do período previsto, sob a influência de uma série de estudos sobre as causas desse problema.

“Consumidores mais exigentes irão buscar medidas preventivas para manter e melhorar a saúde dos cabelos, e com a evolução do interesse por ingredientes limpos e naturais, as marcas irão buscar inspiração nos rituais de cuidados capilares tradicionais”, diz Nicole.

Nicole acredita, também, que a  influência do skincare na categoria de cuidados capilares fará com que o consumidor abandone ingredientes e tratamentos prejudiciais ao cabelo e ao couro cabeludo, recorrendo, dessa maneira, à produtos que protejam e reequilibrem as funções naturais dos fios, renovando o microbioma do couro cabeludo e melhorando a saúde dos cabelos.

“Uma extensão da tendência da regeneração da pele, produtos para o cabelo com fórmulas probióticas surgirão para reverter os danos de tratamentos químicos e agressores externos”, diz.

À medida, então, que os consumidores se tornam mais sintonizados com seus corpos e buscam produtos específicos para o seu tipo de pele, Nicole prevê  o crescimento de soluções holísticas para cada etapa da vida, problema de saúde e tipo de cabelo.

A especialista da WGSN ressalta que nos EUA,  95% da queda de cabelo entre mulheres acontecem por causa de alterações hormonais.

Em respostas às novas demandas de cuidados capilares, muitos fornecedores de ingredientes oferecem ativos que podem contribuir para o desenvolvimento de produtos para a queda ou que ofereça este benefício como um claim a mais em linhas não específicas.

Células-tronco vegetais

Ressaltando que a queda capilar é uma condição multifatorial que acomete mais de 70% dos homens e quase metade das mulheres durante suas vidas, podendo ter significativo impacto na autoestima dessas pessoas, Gustavo Fernandes Denófrio, farmacêutico da área de desenvolvimento farmacotécnico da Galena, enxerga oportunidades em produtos antiqueda.

“Não por acaso, existe hoje, por parte dos consumidores, uma crescente busca por produtos voltados para o controle da alopecia, bem como um consenso de que uma adequada rotina de hair care deve abranger cuidados com diversas estruturas capilares”, afirma Denófrio.

O que pode influenciar

A diretora comercial e de marketing do Grupo Solabia, Ana Paula Rezende, lembra que a queda de cabelo normalmente não é um sinal de alarme, sendo normal a perda de 60 a 100 fios de cabelo por dia, especialmente durante as épocas mais frias do ano, como outono e inverno.

“Nessas estações, o cabelo cai com mais frequência porque a raiz do cabelo é menos irrigada por nutrientes e sangue e isso pode aumentar a queda de cabelo”.

Alguns fatores, entretanto, podem contribuir para que a queda de cabelo se acentue. Ana Paula cita o excesso de estresse, as alterações hormonais, o uso de medicamentos e a anemia entre os principais.

“Além desses, a utilização de produtos químicos no cabelo em processos de alisamento e tingimento podem causar enfraquecimento dos fios, que podem se tornar mais secos e quebradiços, e também na raiz, o que pode levar a um enfraquecimento do couro cabeludo com consequente perda de cabelo”, pontua.

Foco na saúde

O novo Relatório Mintel Cuidados com o Cabelo – Brasil 2022 aponta que entre as funções de cuidado mais citadas pelos consumidores brasileiros, o fortalecimento foi o mais citado por 58% dos entrevistados, seguido por nutrição (49%) e reparação (36%). No estudo anterior, publicado em 2021, metade (50%) dos entrevistados relataram ter sofrido com desordens nos cabelos e/ou couro cabeludo.

A analista sênior de beleza e personal care da Mintel para a América Latina, Amanda Caridad, ressalta que no estudo realizado em 2021.

A saber,  55% dos brasileiros entrevistados relataram que estresse/depressão contribuíram para essas desordens.

Além disso, 34% dos consumidores apontaram tratamentos químicos (alisamento, coloração) e 25% relacionaram a hábitos de vida não saudável e dieta desequilibrada (pobre em vitaminas e minerais) como causas dos problemas capilares e/ou do couro cabeludo.

“Os dados ilustram a oportunidade para que além de benefícios de embelezamento dos fios, as marcas explorem em suas campanhas e futuros desenvolvimentos fórmulas que ajudem os consumidores a manter a saúde dos fios”, reforça Amanda.

Fonte: Cosmetic Innovation

Foto: Shutterstock

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